Poesias

POEMA DO COMEÇO

para Joaquim Silveira Fetter,
1º aniversário em 19/04/15

Joaquim, a vida é um assombro, um sopro,
uma fome e o mundo um fruto redondo que
/já podes morder
como uma ervilha espera em sua vagem
e a flor a sua abelha.
Abre os olhos e espia tua mãe e a lua, o pai e o sol,
eis o começo do mundo nascido do teu coração.

Joaquim, as manhãs tem asas e pés:
já podes tomar posse do tempo e entrar no futuro
como um pequeno deus a esbanjar alegrias
e fazer mais formoso o dia de cada esperança
e o trabalho das mãos a abrir os caminhos.

Joaquim, o coração tem braços e mãos
e cuidados para que nada te falte, nem o sono
com seu anjo da guarda que vem comer os medos da noite.
Pela manhã, acordando, saberás que por ti os carneiros
pularam todas as cercas do campo, porque ainda não /sabes contar.

Joaquim, ao levantar-te do sonho, como o maestro
a batuta, regerás do teu quarto o universo:
farás com que a chuva lave os pássaros e as árvores,
que o galo cante para acordar o sol e adormecer a lua,
a outra criança que chora consolarás com afagos e doces.

Joaquim, há uma alegria nas espécies vivas
que só as crianças e os filhotes dos bichos conhecem.
E agora que aprendeste a acordar por dentro os sonhos
é que começarás a viver no mundo que tem muitos rostos,
e que está fora, na rua, nos automóveis, muito além do /teu berço.

Joaquim, porque a solidão
é grande e soluça nos vãos
das escadas, aprenderás a inventar
uns anjos de bocas ridentes para brincar
de ver a felicidade que todos olham, mas não veem.


Paulo Roberto do Carmo
09/01/2017

 

 

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